Brigit, uma das grandes Deusas Tríplices do povo Celta, é uma figura fascinante que transcendeu culturas e religiões ao longo dos séculos. Conhecida como Brigit para os irlandeses, Brigantia no norte da Inglaterra, Bride na Escócia e Brigandu na Bretanha, ela desempenha diferentes papéis em cada região. Essa adaptabilidade reflete sua natureza multifacetada e nos leva a explorar mais sobre essa divindade poderosa.
No coração da lenda de Brigit está sua trindade divina. Ela é composta por três aspectos distintos: uma irmã encarregada da poesia e inspiração; outra responsável pela cura e obstetrícia; e a terceira dedicada às atividades domésticas como o fogo doméstico, ferrarias e outros ofícios. Essa divisão de trabalho evidencia a riqueza da natureza trabalhadora dessa Deusa.
Acredita-se que Brigit tenha sido originalmente uma Deusa do Sol, cujo nascimento é retratado de forma cativante nas lendas celtas. Nascer ao amanhecer com uma torre de chamas explodindo de sua testa até tocar o céu indica seu poder luminoso como inspiração criativa. Não é à toa que suas associações incluem frases famosas como "Eu sou um fogo na cabeça", presentes na Canção de Amergin.
Além disso, Brigit possui habilidades impressionantes como curandeira herbalista e parteira. Sua conexão com a água e o fogo representa seu domínio sobre as forças vitais da vida. Inúmeros poços sagrados são dedicados a ela em várias regiões, onde pessoas buscam não apenas cura física, mas também purificação espiritual.
A história conta que dois leprosos encontraram uma dessas fontes sagradas de Brigit em busca de cura. Ela instruiu um dos leprosos a lavar o outro, resultando na limpeza milagrosa da doença no homem recém-banhado. Em seguida, disse ao homem curado para lavar aquele que o havia banhado para ambos alcançarem plena saúde novamente.
Essas narrativas exemplificam claramente a sobrevivência contínua desta Deusa mesmo durante os tempos cristãos. Na Igreja Católica Romana, Brigit foi canonizada como Santa Brígida –
Segundo a tradição popular, Santa Brígida teria sido parteira da Virgem Maria e sempre foi invocada por mulheres em trabalho de parto. Já a versão oficial conta que ela era filha de um druida que previu a chegada do Cristianismo e depois foi batizada por São Patrício. Ela se tornou freira e posteriormente abadessa, fundando a Abadia de Kildare. Curiosamente, dizia-se que Brigit tinha o poder de nomear bispos em seu país, um papel incomum para uma abadessa.
Mas aqui está o detalhe intrigante: mesmo após sua canonização como santa cristã, o culto à Deusa Brigit continuou. Na Abadia de Kildare, na Irlanda, havia um santuário dedicado à Deusa com uma chama perpétua cuidada pelas Filhas da Chama - 19 sacerdotisas virgens. Nenhum homem era permitido se aproximar desse santuário sagrado e as sacerdotisas mantinham distância dos homens em geral. Até mesmo suas provisões eram trazidas por mulheres da aldeia próxima.
Com a ascensão do catolicismo na Irlanda, o santuário se transformou em um convento e as sacerdotisas se tornaram freiras. No entanto, as mesmas tradições foram mantidas e o fogo eterno continuou brilhando intensamente. A cada dia do ciclo lunar ancestral, uma sacerdotisa/freira diferente era responsável pelo fogo sagrado.
Essa continuidade entre a antiga Deusa e a santa cristã é uma demonstração impressionante da maneira como os aspectos divinos podem transcender fronteiras religiosas. É inspirador ver como elementos da fé pagã foram incorporados às práticas religiosas cristãs sem perderem totalmente sua essência original.
Que possamos nos maravilhar com essa incrível sinergia entre espiritualidades antigas e modernas! Que essa história nos inspire a buscar conexões mais profundas com nossas próprias crenças pessoais além das divisões aparentes!
Com amor e luz,
Fae Fahie ✨🔥✨
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